Aparelhos ‘tudo-em-um’ não são uma novidade no mercado hi-fi, mas poucos são os que realmente cumprem com o prometido com alguma dignidade. Não que marcas chinesas que vendem toca-discos com cara de móvel antigo em quiosques de shopping, com agulhas que mais parece um prego de alvenaria, prontas para destruir LPs – não tentem este feito. Eles tentam, mas estão mais para um sentimento nostálgico que para apreciação da música.
O Pro-Ject Juke Box E é um sistema ‘tudo-em-um’ que não tenta te convencer pela nostalgia do vinil, aquela vontade que te dá vontade de procurar os discos velhos e mofados na garagem de casa. Ele está mais para pessoas que querem apreciar seus discos com o mínimo de qualidade e segurança para com eles. É também para aqueles que não abrem mão da conveniência da música por streaming, e que possuem pouco espaço e não querem ‘estragar’ o visual da sala de estar com um amontoado de aparelhos e cabos rolando pelo chão.
Começando pelo toca-discos, este é montado em uma base de MDF com acabamento em laca, em três cores: preta, branca ou vermelha. O prato, de compensado de madeira, tem tapete de feltro e a tração é feita por correia com velocidades de 33 e 45 RPM ajustados na polia. O braço de 8,6 polegadas, feito em alumínio, calçado com uma cápsula OM5e da Ortofon, completa o conjunto elevando a qualidade geral do aparelho. Todos os ajustes estão pré-configurados de fábrica, inclusive anti-skating – preocupação zero na hora da montagem. Dentro da embalagem, além da tampa acrílica, também acompanha a fonte de 12V.
Dentro do gabinete encontramos a seção de amplificação, de 50 W por canal em 4 Ohms. Na parte de trás temos bornes de caixa e uma antena Bluetooth 2.1 para streaming e UPnP (já poderia ser a última versão, não?), duas saídas RCA – uma direta (linha) para ligar o toca-discos à um outro amplificador, e uma “phono” caso queira adicionar um pré externo – além de uma entrada de linha caso queira adicionar um CD-Player ou outra fonte digital.
Entre o braço e o prato está uma tela de cristal líquido com informações da seleção entre toca-discos, Bluetooth e entrada Direta.
Na frente, ao centro, o botão seletor de funções e, embaixo do toca-discos, duas chaves: uma liga/desliga e a outra que aciona o prato do toca-discos. Ah! Lembram que sempre reclamo que os toca-discos de entrada nunca vêm com balança para aferição da força de rastreio? Pois é, este vem com balança analógica e gabarito para ajuste da posição da cápsula.
Além da comodidade do Bluetooth, o Juke Box E vem com controle remoto, que não é muito amistoso: é um pouco confuso de usar, mas tem funções de ligar/desligar o aparelho, seletor turntable seleção de entrada de linha e ajuste de ‘loudness’, além de volume.
COMO TOCA
Para este teste utilizamos os seguintes aparelhos. Amplificador: Integrado Sunrise Lab V8 MkIV SS. Fontes digitais: Innuos Zen Mini com fonte separada, smartphone Samsung S10+. Cabo de força: Sunrise Lab Illusion MS, Cabo de interconexão: Sunrise Lab Reference MS. Cabos de caixa originais e Sunrise Lab Premium MS. Caixa acústica: JPW mini monitor e Q Acoustics 3020i.
O aparelho vem embalado em caixa dupla, muito bem acondicionado. A tampa eu nunca uso, então voltou para a caixa de papelão. Tudo vem montado e pronto para usar, após colocar no rack, ligar os cabos de caixa e, por fim, a fonte de alimentação, e pôr o bolachão para rodar.
Com aproximadamente 30 horas, e conhecendo a OM5e, já sabíamos que estava amaciada a cápsula, mas faltava a parte de amplificação e amaciar o restante, o que demorou cerca de 190 horas.
Amaciar todas as entradas e saídas demandou horas de audições, coisas que, em uso normal, não precisaria acontecer com tanta urgência. Seu som é quente e com um pouco de reforço no grave, os ajustes loudness não funcionam muito bem para uma audição mais concentrada, mas se por acaso as caixas forem magrinhas e quiser apenas curtir um bom pop e dançar muito, até que vai bem.
O conjunto do braço não apresenta folgas no manuseio, porém a alavanca do lift não possui uma descida progressiva: é preciso baixar a alavanca toda que, aí sim, o lift desce suavemente. Fora isso, todo o conjunto é suave e sem ruídos.
Tocando todo o conjunto Juke Box E, seu som é bastante honesto, tem médios que não passam do ponto, perde um pouco de foco e o palco não é muito recuado – mas, até aí, como é de se esperar, o papel de trazer tudo isto não é dele e sim do toca-discos mais acima na hierarquia da Pro-ject.
Ele sofreu um pouco para empurrar a Q Acoustic 3020i. O ideal é que se use caixas com sensibilidade acima dos 90 dB e com falantes menores ou mais leves.
Já tocando com amplificador externo, assumindo a forma de uma fonte de áudio apenas, ele se mostrou bastante versátil e com muitas virtudes herdadas de seu irmão maior, o T Line, como por exemplo a clareza na região média e o conforto auditivo.
CONCLUSÃO
A Pro-Ject é uma marca de respeito e sabe fazer um aparelho que vai cuidar minimamente bem dos seus discos, e que tem tradição em montar bons conjuntos, confiáveis e com bom compromisso na qualidade de reprodução musical. Com o Juke Box E ela lança algo que pode se tornar uma tendência, um novo nicho, completamente despojado, sem o compromisso de ser uma excelência em reprodução analógica, mas competente em nos dar uma boa dose de musicalidade e qualidade de reprodução. É voltado para quem gosta de ouvir música e não quer bater cabeça procurando amplificadores, pré de phono e um sem fim de cabos. Para estas pessoas o Pro-Ject Juke Box E cai como uma luva!
PONTOS POSITIVOS
Bom acabamento. Reprodução equilibrada. Boa conectividade.
PONTOS NEGATIVOS
Controle remoto confuso.
ESPECIFICAÇÕES
Potência de saída | 2 x 50 Watts (4 Ohms) |
Saídas | Caixa, Line-out (fixa), Phono out |
Entradas | Bluetooth, Line-in (analógica) |
Velocidades | 33, 45 (mudança manual) |
Princípio | Belt-drive |
Variação de velocidade | 0.8% (33), 0.7% (45) |
Wow & flutter | 0.29% (33), 0.27% (45) |
Prato | 300 mm, de compensado de madeira, com tapete de feltro |
Rolamento principal | Aço inoxidável com embuchamento de bronze |
Braço | 8.6” em alumínio |
Comprimento efetivo do braço | 218.5 mm |
Overhang | 22.0 mm |
Massa efetiva do braço | 8.0 g |
Contrapeso | Pré-montado (para pesos de rastreio de 3 à 5.5 g) |
Força de rastreio | 0 à 2.5 g (cápsula Ortofon OM5e pré-ajustada para 1.8 g) |
Acessórios inclusos | Fonte de alimentação, tampa acrílica, controle remoto |
Consumo | 110 W (máx) |
Dimensões (L x A x P) | 415 x 118 x 334 mm |
Peso | 5 kg |
CAIXAS ACÚSTICAS Q ACOUSTICS 3050i
Equilíbrio Tonal 8,0
Soundstage 7,5
Textura 7,5
Transientes 7,5
Dinâmica 7,5
Corpo Harmônico 7,5
Organicidade 7,5
Musicalidade 8,0
Total 61,0
VOCAL: 10,0
ROCK . POP : 10,0
JAZZ . BLUES: 10,0
MÚSICA DE CÂMARA: 9,0
SINFÔNICA: 9,0
Link para o teste completo: