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PRÉ DE PHONO CAMBRIDGE AUDIO ALVA DUO -Edição 267

Alva Duo é o nome do pré-amplificador de phono da Cambridge Audio. Além de trazer no mesmo gabinete duas entradas, uma para cápsulas MM e outra para cápsulas MC, a Cambridge conseguiu adicionar um amplificador para fone de ouvido poderoso, capaz de empurrar até mesmo fones grandes com baixa sensibilidade.

O Alva Duo traz um pouco do design limpo e elegante da linha Edge, sendo assim seu design é extremamente minimalista e sofisticado. O acabamento é primoroso e a textura ao toque é macia e agradável. Desde a famosa pintura Lunar Grey até os botões brilhantes de liga/desliga e seleção de MM/MC faceados, rentes ao painel, e o knob levemente deslocado para a direita (para quem o olha de frente), e a saída de fones de 6.3 mm, comum em projetos de amplificadores de fone parrudos, tudo dá indícios de que a Cambridge não brincou em serviço. O efeito visual é simplesmente maravilhoso, parece um aparelho de 2 ou 3 mil dólares. Não se espera este nível de sofisticação de design em aparelhos nessa faixa de preço. Geralmente vemos o pretinho básico com chassi de aço texturizado.

O cuidado continua na parte traseira do pequeno Duo, lá temos as entradas RCA MM e MC, além da saída RCA que o conecta a um amplificador, o Duo também possui um controle de ganho para ajudar com cápsulas antigas que já perderam um pouco da eficiência em algum dos canais, esquerdo ou direito.

O Alva Duo segue o padrão RIAA e possui ganho máximo pré fixado em 60 dB (MC). O ajuste MM é de 47 kOhms com 39 dB de ganho, relação sinal/ruído >90 dB em MM, e 70 dB em MC, podendo aceitar cápsulas de 0,3 à 1 mV. O filtro subsônico atua e (-3 dB @12 Hz 6 dB/oitava). O filtro poderia ser desligado, o que seria uma ótima já que dependendo da cápsula, em alguns casos, sem o filtro há ganhos bastante consistentes em timbres, naturalidade e arejamento.

Outro cuidado bacana que a Cambridge tem para com seus clientes é o espelhamento da grafia traseira de seus aparelhos, e no Alva Duo isto faz toda a diferença por conta de seu tamanho, pois as conexões são apertadas e, de cabeça pra baixo, lendo ao contrário, seria dose para leão. Outra coisa interessante no Alva Duo é que ele não usa fonte chaveada externa, ele possui entrada IEC no painel traseiro, o que nos possibilita dar uma temperada em sua sonoridade também com cabeamento de força.

COMO TOCA

Para o teste utilizamos os seguintes equipamentos, ligados ao pré-amplificador de phono Alva Duo. Fontes: toca-discos de vinil Rega P8 com as cápsulas Ortofon 2M Bronze MM, e Ortofon Quintet Black MC. Cabos de força: Transparent MM2 e Sunrise Lab Illusion MS. Cabos de interconexão: Sunrise Lab Illusion e Reference RCA. Cabos de caixa: Sunrise Lab Quintessence Magic Scope. Amplificador: Sunrise Lab V8 SS. Caixa acústica: Neat Ultimatum XL6. Fone de ouvido: Sennheiser HD700.

O Cambridge Alva Duo chegou lacrado em sua caixa de papelão reforçada. Após desembalar, já o colocamos na prateleira e ouvimos o disco da Jacintha – Here’s to Ben, inteiro. De cara gostamos da musicalidade e das texturas, que eram muito boas para um aparelho ligado há poucos minutos. Desligamos o TD e o deixamos amaciar com o nosso RCA mágico que inverte os ganhos de sinal de phono, possibilitando que o sinal de um CD-Player ou streamer digital seja utilizado como fonte para amaciamento do pré de phono, economizando horas preciosas da cápsula. De tempos em tempos ligávamos o TD para checar a evolução do Alva Duo e, a cada checagem, percebíamos uma melhora significativa em largura e altura de palco, arejamento e timbres – já muito bonitos desde o início.

Algo que não gostei foi do ganho do pré, que poderia ser um pouco mais alto, algo como dois ou dois-e-meio dB a mais, e assim judiar menos do volume do amplificador. O ganho mais baixo tem suas vantagens e a maior delas é não passar para as caixas os ruídos indesejados de rádios amadoras, campos magnéticos e RFI irradiados por cabos de alimentação e aparelhos eletrônicos. Mas não custava aumentar um pouco este ganho e contornar este problema, se houvesse, de outras maneiras.

Após 180 horas, o pré estabilizou e então separamos os discos para audição, começando pelo da Jacintha que tínhamos ouvido nos primeiros minutos do Alva Duo, além de Patricia Barber – Companion e Modern Cool, Dead Can Dance – Into the Labyrinth, e outros.

Primeiro nos concentramos em saber como o Alva Duo lidava com cápsula MM Ortofon 2M Bronze e, após passar todos estes discos citados acima, percebemos que ele consegue extrair uma clareza na região média muito interessante com boa definição de graves e boa extensão na outra ponta do extremo. Sua musicalidade e a capacidade de nos dar uma boa noção de palco ao vivo é uma delícia, sem fadigas ou aquela sensação de que as músicas soam pilhadas. Tudo bem que isto é inerente ao analógico, mas no patamar que ele briga se vê alguns prés indo para o lado da transparência excessiva quase que digitalizando o conforto auditivo do vinil.

Outra coisa boa neste pré é que ele responde bem a cabos de força e interligação. Se o amigo leitor souber exatamente o que busca em termos de sonoridade. não sendo muito exótico, pode extrair um bom caldo do Duo sem muito esforço. Você pode dar mais luz em cima ou um pouco mais de precisão embaixo sem precisar gastar demais, particularmente prefiro o equilíbrio entre os dois extremos – acho sempre bem-vindo. O que realmente importa é que ele permite que leve a sonoridade para onde quiser desde que não sacrifique o equilíbrio tonal.

Com o Alva Duo o conforto auditivo e o relaxamento estão lá, e com eles vêm uma apresentação mais musical e com mais harmônicos nos brindando com texturas que impressionam muito e nos fazem apreciar a arte.

Em discos como os da Patricia Barber e do Dead Can Dance, que exigem mais da precisão e do foco e recorte e, sobretudo, controle nos graves, o Alva Duo não chega a fazer feio, mas ali ele começa a mostrar suas limitações, sacrificando um pouco do foco e do recorte para nos dar um pouco de controle nos graves. O problema é que se o foco diminui em passagens complexas, e ficamos propensos a voltar nossa atenção para algum instrumento em particular, esquecendo um pouco da música como um todo. Já com a cápsula MC, o foco não fica tão comprometido assim e, de brinde, nos trouxe uma extensão de agudos e texturas que, em MM, não chega lá.

Um ótimo ponto positivo neste pré é ouvir vozes femininas ou masculinas. O nosso famoso voz e violão com Baden Powell ao vivo ficou uma maravilha! É de uma gostosura que não dá vontade de tirar o disco! O Duo se mostrou amigável com prensagens nacionais de anos 70 e 80, tirando um pouco da aspereza e da magreza, extraindo mais musicalidade de um terreno bem árido.

É interessante ouvir os discos de três maneiras bastante distintas, e poder entender como a Cambridge se balizou para desenvolver o projeto. Ouvir as duas topologias de cápsulas é uma coisa, pois o resultado final depende de muitos outros fatores, como amplificação cabos de caixa e caixa acústica. Já com fone de ouvido a ligação é direta e, deste modo, pudemos ouvir um pré de phono equilibrado, alinhado tonalmente entre as duas cápsulas e sua amplificação. No fone de ouvido Klipsch, mais modesto, a musicalidade fez com que o fone não cansasse tanto após um disco inteiro. A sensibilidade alta ajudou bastante a vida do amplificador, mas ficava nítido o controle do amp para com o fone. A surpresa veio com o Sennheiser HD 700, pois eu já estava preparando outro fone para audição por receio de o amp não ter fôlego, quando veio a grata surpresa: o Alva Duo deu conta de empurrar o HD 700 numa boa, com bons graves e texturas ricas em harmônicos. A apresentação é bastante musical, ponto alto deste pré, com bom palco e as vozes realmente cativantes, com certeza é um excelente opção para os amantes da dupla fone & vinil.

CONCLUSÃO

A Cambridge fez seu dever de casa, nos deu um pré de phono com excelente custo/benefício, completo e com todas as entradas que podemos sonhar, e sem a terrível fonte externa de telefone. A entrada para fone de ouvido maior mostra que o pequeno Alva Duo não está para brincadeira, e sua musicalidade explicita nos diz que ele leva a música muito à sério.


PONTOS POSITIVOS

Compacto e completo. Cabo de força destacável. Design e funcionalidade em harmonia.

PONTOS NEGATIVOS

Para ficar perfeito tinha que ter um modo de desligar o filtro subsônico.


ESPECIFICAÇÕES
Consumo10 W
Suporte a cápsulasMoving Magnet | Moving Coil
Ganho (@ 1Khz)MM: 39 dB | MC: 60 dB
Saída nominal300 mV
Sensibilidade para saída nominalMM: 3.35 mV | MC: 305 uV
Ruído de entradaMM: ~0.09 uV | MC: ~0.08 uV
Precisão da curva RIAA+/- 0.3 dB 30 Hz-50 Hz
Relação sinal/ruídoMM: >90 dB | MC: >70 dB
Distorção harmônicaMM: <0.0025% | MC: <0.20%
Impedância de entradaMM: 47k Ohms | MC: 100 Ohms
Capacitância de entrada100 pF
Margem de sobrecarga30 dB
Crosstalk (@ 10 Khz)MM: >85 dB | MC: 75 dB
Dimensões (L x A x P)215 x 48 x 159 mm

PRÉ DE PHONO CAMBRIDGE AUDIO ALVA DUO

Equilíbrio Tonal 9,0
Soundstage 8,0
Textura 9,0
Transientes 8,5
Dinâmica 8,5
Corpo Harmônico 8,0
Organicidade 8,0
Musicalidade 9,0
Total 68,0

VOCAL: 9,0
ROCK . POP : 10,0
JAZZ . BLUES: 10,0
MÚSICA DE CÂMARA: 8,0
SINFÔNICA: 8,0

Link para o teste completo: