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CAIXAS ACÚSTICAS MONITOR AUDIO PLATINUM 200 3G – Edição 302

Alguns produtos me chamam a atenção em um primeiro momento pelas discussões ‘calorosas’ que ocorrem nos fóruns internacionais.

Muitos com argumentos tão bizarros, que me levam a questionar o quanto de tempo o ser humano gasta com banalidades. Fico até me questionando se essas pessoas tão assíduas em grupos de discussão, tem tempo de ouvir seus sistemas, ou descobrir novas gravações incríveis.

Aliás pouquíssimas dicas de discos existem nesses fóruns.

O fato bizarro que citei foi de um membro em um fórum objetivista, que compartilhou ter escutado as Platinum 200 3G e ter se impressionado com sua performance e acabamento primoroso. E ser questionado de sua escolha, já que são caixas caras e que existem muitas outras opções melhores e mais baratas, já testadas por esse fórum.

Aí cada membro dá sua opinião, e a discussão caminha para outro lado, sem que ninguém mais toque no assunto central que gerou esse post. A bizarrice é pelo fato de alguém ter gostado e pelo visto comprado, uma caixa que ainda não foi testada no fórum. E para piorar, é cara, segundo o conceito de custo/performance do fórum objetivista.

Eu me pergunto o quanto nessas discussões existe realmente de argumentação consistente, e o quanto de inveja ou ciúme?

Com apenas 12 anos, nas visitas em que acompanhava meu pai em seus clientes, já conseguia perfeitamente discernir das críticas (sempre veladas, enquanto o anfitrião se ausentava da sala) o que era pura inveja, de alguma observação realmente válida!

E buscava sempre nessas situações tirar minhas próprias conclusões, para não ser influenciado pelas opiniões alheias. O que me deu uma noção, desde muito cedo, de que ser caro nunca foi sinônimo de excelência sonora.

Pelo contrário, muito rapidamente consegui entender que o risco de se errar com os equipamentos mais onerosos, era realmente tão alto quanto o investimento feito. Nessas situações, eu bombardeava meu pai com perguntas, ávido por respostas que me fizessem montar em minha mente aquele quebra-cabeça.

Meu pai nunca me deu respostas prontas que respondessem às minhas perguntas mais importantes. Ele sempre começava esses questionamentos com uma ‘contra-pergunta’ – o que, dependendo do meu grau de dúvidas, me irritava profundamente.

Sua técnica era brilhante, pois o que ele queria que eu realmente aprendesse, era que ao vivenciarmos uma situação nova e pertinente, devemos, antes de compreender ou ter respostas, assimilar o quanto aquilo pode ou não ser relevante para a nossa formação pessoal e profissional.

Então, antes dele me dar as respostas desejadas, me perguntava se eu achava que as críticas levantadas eram feitas com embasamento lógico ou apenas de cunho pessoal.

Aprendi muito nesses embates com ele, e descobri o mais importante: confie apenas em quem realmente tem como mostrar resultados satisfatórios! E poucos audiófilos podem, por inúmeras razões!

E os membros desse fórum objetivista, que desdenharam da escolha de um dos seus participantes pela Monitor Audio Platinum 200 3G, erraram feio. E poderiam muito bem realizar um ‘mea culpa’, e ouvir essa bela caixa da série mais refinada da Monitor Audio.

Nós testamos diversas caixas deste fabricante inglês, e tivemos o prazer até de receber o fundador da Monitor Audio, Mo Iqbal, em 1997 para duas palestras em São Paulo, compartilhando suas ideias sobre materiais para cones e sua paixão pela música.

A nova série Platinum 3G da Monitor Audio é constituída de quatro modelos (um canal central, 250, uma book modelo 100) e duas colunas: a 200 e a top de linha 300.

A Platinum 200 3G é uma esbelta coluna de três vias, de tamanho moderado e que se encaixa perfeitamente em salas a partir de 16m até salas de 50m. Possui um tweeter MPD série III, um falante de 4 polegadas para os médios e dois falantes de graves de 6 polegadas. Todos também da atual série.

Segundo o fabricante, os novos falantes dessa série refinaram ainda mais a sonoridade e o equilíbrio tonal em relação a linha Platinum anterior, elevando o grau de performance para um novo patamar.

O gabinete de toda série Platinum é um dos pontos altos dessa linha, pois apresenta um grau de acabamento e detalhes impressionantes. Pesando quase 35 kg, além de ultra-rígido possui linhas suaves que ornam perfeitamente com qualquer tipo de decoração, da mais tradicional à mais moderna. São várias camadas de laminados MDF para a criação de um gabinete curvo e reforçado de 21 mm na parte traseira, e um defletor de 36 mm na parte dianteira.
A Platinum 3G recebe 16 camadas de laca para um resultado luxuoso em opções de branco acetinado, preto piano e nogueira.

Em medições em câmara anecóica, os novos falantes MPD III, tiveram sua distorção reduzida significativamente e a resposta de frequência ainda mais plana. Resultado: uma resolução muito mais detalhada em qualquer volume e com uma apresentação sempre rica e natural.

Os novos cones Rigid Diaphragm Technology III (RDT), tem três novas otimizações em relação a série de falantes anteriores. Começando por uma nova camada traseira com duas camadas uniformes de fibra de carbono, para reduzir oscilações no cone, e uma nova borracha otimizada com novo desenho em sua borda. O resultado, segundo o fabricante, são falantes de médio e grave com uma distorção ultra baixa e mais plana que qualquer falante produzido anteriormente pela Monitor Audio.

Os falantes são fixados em estruturas de alumínio fundidas individualmente, criando duas camadas de isolamento entre o chassi do driver e o gabinete.

Cuidados com a vibração de baixas frequências também foram reavaliados, levando os engenheiros a criar uma nova base estabilizadora do gabinete, com um conjunto de pés para a formação de uma plataforma sólida e estável, tanto para pisos duros quanto em carpetes.

A 200 3G permite biamplificação ou bicablagem, e seus dutos traseiros lembram os possíveis donos dessa joia que elas precisam uma distância mínima da parede às suas costas, de pelo menos 1m.

O fabricante indica duas respostas de frequência da caixa: uma em campo livre – 32 Hz a 60 kHz, e em sala – 23 Hz a 60 kHz. Sensibilidade de 88 dB, impedância nominal de 4 ohms e impedância mínima de 2.5 ohms. Os cortes são feitos em 825 Hz e 3 kHz.

Para o teste utilizamos os seguintes equipamentos. Integrados Arcam SA30 e Gold Note IS-1000. Powers: Gold Note PA-10 e Nagra HD. Pré de linha: Nagra Classic. Digital: Transporte e DAC dCS Vivaldi Apex, Transporte Nagra, e TUBE DAC. Streamer: dCS Lina com clock externo (leia Teste 2 nesta edição) e Innuos ZENmini Mk3. Cabos de caixa: Dynamique Audio Apex.

As caixas chegaram zeradas, em uma embalagem muito segura e inteligente, que permite que o produto seja retirado sem risco de danificação. Sugiro então, aos mais afoitos, que vejam passo a passo como proceder para não danificar a embalagem desnecessariamente.

Como escrevi, o acabamento é deslumbrante. Posicioná-las antes de totalmente amaciadas, será um desperdício de tempo e esforço físico. Sugiro que apenas as deixe queimar por pelo menos 100 horas antes de iniciar as primeiras audições críticas, pois elas mudarão muito nessa fase. Os graves precisam realmente soltar, para que o ouvinte tenha uma ideia de como essas caixas realmente descem. Os agudos precisam de menos tempo que os graves, mas também é preciso ter paciência para que ganhem maior arejamento e decaimento mais natural.

Em nenhum momento fizemos uso de bicablagem ou de biamplificação. A queima e o teste foram inteiramente realizados com o uso apenas dos bornes de baixo das caixas – e só no final tiramos os jumpers originais e utilizamos nosso jumper de Referência da Sunrise Lab. E chegamos à conclusão que será um preciosismo substituir o jumper original por outros mais sofisticados.

O mais importante é realmente ter paciência e amaciar as caixas, pois elas irão abrir muito até 250 horas! Daí em diante, estabilizaram totalmente e pudemos iniciar os testes.

Seu equilíbrio tonal foi o mais correto e consistente de todas as Monitor Audio já testadas por nós. Da primeira série Platinum para essa terceira geração, o salto foi impressionante. Os graves, depois de amaciados, possuem energia, velocidade e peso, permitindo ouvir obras sinfônicas com autoridade e prazer. Esqueça ‘coices’ no peito, pois as 200 3G não se adequam a essas pirotecnias.

Mas o grave que ela entrega é preciso, e nos permite ouvir camadas de graves de contrabaixos e cellos em uma orquestra, mesmo quando soando em uníssono, como no início do Segundo Movimento da 7a de Beethoven. Todos que apreciam essa sinfonia, concordam o quanto esse início do movimento determinará a dramaticidade na introdução e no desenrolar do tema, com o crescendo dos violinos e das violas, até a entrada dos metais e dos tímpanos. Lembro aos participantes do Curso de Percepção Auditiva, o quanto pode ser frustrante ouvir esse movimento em caixas que não tenham uma fundação sólida para os contrabaixos, que faz que a música soe sem peso e sem precisão.

As Platinum 200 3G não sofrem desse problema. Sendo um prazer escutar inúmeras obras sinfônicas que necessitem de um grave sólido e bem articulado.

Sua região média é extremamente detalhada e correta. Alguns talvez queiram uma região média mais ‘monitores BBC’, dos anos 60. Se for esse seu caso, essa não será sua caixa, acredite! Estamos falando de médios com incrível grau de transparência, mas que não pulam no barco do analítico e frio. Ao contrário, conseguem um tênue equilíbrio entre esses dois polos.

E os agudos, são típicos de tweeter de fita, com enorme amplitude de resposta, velocidade, corpo e belo decaimento. Permite-nos determinar com precisão os locais das gravações com requinte de preciosismo!

Em resumo, são caixas para longas audições sem o menor vestígio de fadiga auditiva.

Vi que, em relação a apresentação do palco sonoro, as opiniões se dividem. Uns consideraram muito boa e outros acharam que a largura é excelente, mas falta profundidade. Eu sempre pergunto aos meus botões: será que esses revisores nunca se questionam se o problema não pode ser suas salas? Vamos ao que observamos.

Primeira lição que tiramos no posicionamento da 200 3G: ela precisa para se sentir ‘confortável’, estar distante no mínimo 1m da parede às costas dela, e no mínimo 0.50m das paredes laterais.

Segundo: quanto maior a abertura entre elas, menos toe-in elas necessitam. Se você teimar em deixar elas mais que 3m entre um tweeter e outro, e deixar elas muito voltadas para o ponto de audição, estará comprometendo a profundidade da imagem. Volte um pouco e perceberá como o palco cresce em profundidade, sem perder nada em largura.

Terceira conclusão: se quer ter um grave consistente, nada de aberturas acima de 4m. Esqueça essa possibilidade. Em nossa sala elas ficaram a 3.60m entre elas (de tweeter à tweeter), 1.60m da parede às costas e 1.20m das paredes laterais. E com apenas 15 graus voltadas ao ponto ideal de audição.

Meu amigo, nessas condições o soundstage foi 3D, tanto em termos de largura, altura e profundidade, como de foco, recorte, planos e ambiência. A cadeira ficou a 3.85m das caixas (25 cm a mais que a abertura entre elas).

Essas caixas precisam realmente de arejamento à sua volta para se expressarem. As texturas são encantadoras. Zero esforço para acompanhar várias linhas, tanto melódicas como de base. Intencionalidades e paleta de cores perfeitas, com destaques para naipes de cordas e madeiras em obras clássicas.

Tempo, ritmo e andamento, se mostraram – em qualquer gênero musical – ‘pêra doce’ para essas Platinum. Ouvi inúmeras gravações de piano solo, e ao final os Concertos para Piano e Orquestra de Bartók, obras caras para inúmeras caixas neste quesito, de transientes.

A micro-dinâmica é excepcional e a macro muito convincente. Os crescendos são retratados como um devido crescendo, sem pular degraus, engasgar ou se sentir acuado. Não será uma macro de cofre de uma tonelada caindo entre suas pernas, mas será impactante o suficiente para o que você estiver ouvindo não parecer decepcionante.

Para o corpo harmônico, utilizei tanto o setup dCS Vivaldi Apex, como nosso setup de Referência analógico. E me impressionou como a 200 3G consegue reproduzir o corpo de um sax barítono, um trombone, um baixo acústico.
Materializar o acontecimento musical não será nenhum trabalho árduo para a Platinum 200 3G. Entregue-lhe a eletrônica correta, e a materialização será feita!

CONCLUSÃO

Depois de seis semanas com a 200 3G, fico imaginando o que a 300 3G será capaz de entregar!

Eu só não vou afirmar ser a Platinum 200 3G a melhor caixa da Monitor Audio que ouvi na vida, pelo fato de não ter escutado ainda a 300 3G. E muito menos ouvi a nova caixa revolucionária deles, a Hyphn, que custa 70 mil dólares!!!

Então serei comedido, e só afirmarei ser a Platinum 200 3G a melhor caixa ‘até o momento’ por nós testada deste fabricante inglês.

E constatei que a Monitor Audio conseguiu, nessa nova terceira geração de sua série Platinum, dar um gigantesco salto à frente!

Se você deseja uma caixa definitiva, com um acabamento exuberante e uma performance digna de caixas Estado da Arte, ouça a Platinum 200 3G. Mas, lembre-se: ela necessita de uma sala em que possa se sentir ‘livre’ de paredes lhe apertando os calcanhares, e uma eletrônica a sua altura.

Garanto que, nessas condições, será muito difícil você resistir a seus encantos visuais e sonoros!


PONTOS POSITIVOS

Impecavelmente construída e com uma sonoridade
cativante.

PONTOS NEGATIVOS

Precisa de espaço para apresentar todo seu potencial.


Tipo3-vias
Resposta de frequência, em campo (-6dB)​32 Hz – 60 kHz
Resposta de frequência, em sala (-6dB)23 Hz – 60 kHz
Sensibilidade (2.83 Vrms @ 1m)​​88 dB
Impedância nominal4 Ohms
Impedância mínima (20 Hz a 20 kHz)​​4.0 Ohms​ (@ 2.5 kHz)
Potência contínua ​(RMS em 4 Ohms, com pink noise)300 W
Potência recomendada​ (RMS em 4 Ohm, com música)150 – 600 W
Tipo de gabineteDutado
Frequência de sintonia do duto38 Hz
Frequências de
crossover
825 Hz / 3 kHz
Drivers• 2 x 6” RDT III woofers
• 1 x 4” RDT III médio
• 1 x MPD III tweeter​
Dimensões – incluindo spikes e terminais (L x A x P)​368.7 x 1041.6 x 454.9 mm
Peso (cada)35.8 kg

CAIXAS ACÚSTICAS MONITOR AUDIO PLATINUM 200 3G

Equilíbrio Tonal 12,0
Soundstage 12,0
Textura 12,0
Transientes 13,0
Dinâmica 12,0
Corpo Harmônico 13,0
Organicidade 12,0
Musicalidade 12,0
Total 98,0

VOCAL: 10,0
ROCK . POP : 10,0
JAZZ . BLUES: 10,0
MÚSICA DE CÂMARA: 10,0
SINFÔNICA: 10,0

Link para o teste completo:

https://clubedoaudio.com.br/edicao-302/teste-1-caixas-acusticas-monitor-audio-platinum-200-3g/