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CAIXAS ACÚSTICAS MONITOR AUDIO GOLD 300 SÉRIE 5 – Edição 290

A última caixa que eu testei da Monitor Audio foi da série Platinum, faz um bom par de anos. Portanto eu não poderia rejeitar o envio para teste do modelo top da linha Gold, o 300 série 5, modelo que utiliza muitos os recursos da série Platinum em seu desenvolvimento.

Atualmente, a nova série Gold possui uma book modelo 100, a torre menor modelo 200, o canal central modelo 250, a caixa surround modelo FX, o sub W12, e a torre maior 300.

Segundo o fabricante, a Gold 300 série 5, foi projetada para oferecer uma verdadeira experiência audiófila e, para isso, utilizou a tecnologia dos drivers utilizados na série Platinum II. Em um gabinete com excelente acabamento, temos uma caixa de três vias como dois woofers de 8 polegadas feitos de RDT II (tecnologia proprietária de diafragma de alumínio fundido para maior rigidez e amortecimento), um falante de médio de 2 polegadas e meia C-CAM (Ceramic Coated Aluminium Magnesium) feito de um material extremamente leve e rígido, e um tweeter de baixa massa MDP (Micro-Pleated Diaphragm) com uma área de superfície oito vezes maior que uma cúpula de um tweeter tradicional. Esse tweeter tem uma resposta muito plana e pode responder (segundo o fabricante) até 100kHz!

Também segundo o fabricante, esses avanços alcançados nesses drivers utilizados na série Platinum, são os de menor distorção na história da Monitor Audio, com quedas de mais de 8dB acima de 300 Hz.

O gabinete é de MDF de 18mm de espessura com dois dutos nas costas do gabinete para a resposta de baixa frequência. O fabricante disponibiliza quatro acabamentos: preto brilhante piano, branco acetinado, nogueira escura, e ébano piano. O gabinete em cima utiliza couro sintético, o que se mostrou bastante útil na fora de posicionar as caixas e evitar as marcas difíceis de remover em laca de piano preto. A tela é presa com imãs por de trás do gabinete, mas que tiramos após todo o amaciamento delas.

A Gold 300 pode ser bi-cablada ou bi-amplificada. Os spikes, além de bem acabados, são bastante eficientes em termos de dar estabilidade a caixa, são de alumínio fundido em forma de X, que se conectam a cada base do gabinete. Todas as chaves para a montagem dos spikes estão inclusas, o que facilita o trabalho do usuário.

O fabricante sugere ao menos 70 horas de amaciamento. Esqueça! Pois para realmente extrair todo o potencial da caixa, serão precisos no mínimo 200 a 300 horas. Pois se você ouvir as caixas com apenas as 70 horas indicadas, sua frustração será grande, acredite!

No manual, que está também em português, o fabricante dá uma boa referência de posicionamento das caixas na sala, que pode ser bastante útil como ponto de partida. Eles falam, por exemplo, que as caixas devem ficar equidistantes pelo menos 1,80m entre elas, podendo chegar até 3m. Que o ideal é mantê-las em um perfeito triângulo equilátero, com pouco toe-in e uma distância mínima de 50 a 90cm das paredes laterais, e pelo menos 1m das paredes as costas. Constatamos serem corretas essas medidas, pois essas caixas precisam de respiro em relação a sala para darem o seu melhor.

Para o teste, utilizamos os seguintes equipamentos. Amplificação: integrados Line Magnetic 219IA (leia Teste 2 nesta edição) e Roksan Atessa (leia teste na edição de dezembro), e nosso Sistema de Referência. As fontes digitais foram: dCS Rossini Apex (leia Teste 1 nesta edição), Nagra Transporte e TUBE DAC. Fonte analógica: toca-discos Origin Live com cápsula ZYX Ultimate Astro G, prés de phono Gold Note PH-1000 e Rega Aura (leia teste na edição de dezembro). Cabos de caixa: Dynamique Audio Apex e Virtual Reality Trançado.

Ao fazermos o primeiro contato auditivo, nossas impressões foram desanimadoras. Então, muito cuidado se você for ‘afoito’ e desejar mostrar aos amigos sua nova aquisição. É a típica caixa em que faltará tudo em ambas as pontas. Como passei isso com a Platinum quando testei, não foi nenhuma novidade para mim que isso ocorra.

Mas ao ler o manual, tinha esperança que o tempo de queima pudesse ter diminuído. Ledo engano, afinal os drivers são similares, então o óbvio é que as 300 horas seriam necessárias novamente. Para aliviar um pouco, as Gold 300, a partir das 100 horas, já estarão com os graves menos ‘engessados’ e os agudos já com um pouco mais de extensão. O que já permitirá, ao menos, ficar na sala acompanhando sua evolução.

Sugiro a velha técnica de amaciamento, para que as 300 horas passem o mais rápido possível: uma caixa de frente para a outra, com apenas 4 dedos separando-as, uma caixa com os polos invertidos e a outra a polaridade correta, streamer nelas, 24 horas por dia, por duas semanas, a volumes de 80 db de dia e 60 dB de noite, com um edredom cobrindo ambas. Utilizo essa técnica há 30 anos – é a única maneira de passarmos por essa fase sem maior stress.

Depois de 240 horas, voltamos a caixa para nossa sala de testes, e eis que ela finalmente começou a mostrar suas qualidades. O médio alto encaixou nos agudos, e o médio grave ganhou corpo. Ainda sentimos falta de uma fundação mais bem recortada e definida nos graves, mas nos agudos já foi possível observar a beleza desse tweeter com sua doçura e decaimento suave.

As ambiências ainda soaram tímidas e homogêneas, mesmo em salas bem distintas em termos de acústica e volume cúbico, mas já estavam presentes.

Muitas pessoas desconhecem a beleza de um sistema apresentar a ambiência das gravações, porém quando passam a poder observar em seus sistemas como cada gravação possui sua própria ambiência (seja ela da própria sala de gravação ou feita por reverberação digital), não abrirão mais mão desse recurso. Pois a música também precisa respirar, para soar livre e mostrar seus decaimentos intencionais corretamente. Afinal música não é gravada em câmaras anecóicas, correto?

E nosso cérebro não se engana se uma gravação soar sem ambiência e respiro. Principalmente ao ouvir pratos, metais e vozes.
As últimas 60 horas, deixamos a Gold 300 na sala de testes, hora ligadas ao Line Magnetic e hora ao Roksan Atessa, pois ambos também estavam em processo de amaciamento.

A região média da Monitor Audio é muito transparente, porém na medida certa, sem nos fazer ficar o tempo todo perdendo a música para se prender a detalhes. Soa com bom grau de naturalidade e conforto auditivo, seja com poucos instrumentos ou com muitos.
Para você saber o quanto é boa e plana a resposta da região média, onde quase tudo de mais importante ocorre na música, você deve ouvir a caixa que deseja comprar, em volume baixo (entre 50 e 65 dB) e em volume normal (entre 65 e 80 dB de pico). E comparar o grau de inteligibilidade da caixa em volume baixo e normal. Se em volume baixo, algo se perder ou ficar borrado, desconfie do equilíbrio tonal e da relação sinal/ruído da caixa.

Agora se a inteligibilidade for correta em ambas as situações, bingo! A Gold 300 passou nesse teste com méritos.

E, com as 300 horas, finalmente pudemos posicionar as caixas para iniciarmos as avaliações auditivas. Na nossa sala ela ficou a 1.64 m da parede às costas das caixas, 1.20m das paredes laterais, e 4 m de distância de tweeter à tweeter. Com elas paralelas às paredes laterais sem nenhum toe-in. Nessa posição, as Gold 300 tiveram o respiro que elas tanto exigem e precisam para soarem descongestionadas e com uma bela holografia sonora.

Fiquei surpreso em ver o quanto ela preencheu a sala, o que não é comum para caixas deste porte. Ela, ainda que possua 90 dB de sensibilidade, e possua uma impedância de 4 ohms (3.5 ohms mínimo), segundo o fabricante ela gosta de estar sendo empurrada com mais Watts (o fabricante fala de no mínimo 100 Watts). Com o Roksan Atessa e o Nagra HD, ela se sentiu realmente dentro de uma enorme zona de conforto, para mostrar todos os seus dotes.

Seu equilíbrio tonal, depois dela integralmente amaciada, é muito correto, com graves bem definidos, com bom peso e deslocamento de ar. E os agudos são de uma suavidade inebriante e de alto conforto auditivo.

O seu soundstage é exemplar, tanto em termos de largura, profundidade como altura, mantendo os planos estáveis, mesmo em passagens complexas e com grande variação dinâmica. O foco e recorte são precisos, e depois de 300 horas de queima, as ambiências surgiram, possibilitando ouvirmos com precisão as salas em que as obras foram gravadas.

As texturas não possuem aquele último grau de exuberância encontrado em caixas mais sofisticadas, mas além de corretas, conseguem nas melhores gravações mostrar a intencionalidade das mesmas.

Os transientes são excelentes, tanto em termos de precisão quanto de ritmo.

A macrodinâmica é surpreendente para o tamanho da caixa, e capaz de suportar grandes variações sem dobrar os joelhos ou jogar a toalha. Só não espere algum tipo de pirotecnia ou fogos de artifício. E a microdinâmica, graças ao silêncio de fundo, é muito boa.
Surpreendente o corpo harmônico dos instrumentos, principalmente de contrabaixos, pianos, contrafagote, sax barítono, etc. Gostei demais da apresentação deste quesito em instrumentos tão difíceis de serem reproduzidos em seus tamanhos corretos (quando bem gravados é óbvio).

E a materialização física: foi de alto nível em gravações bem feitas!

CONCLUSÃO

Sei o quanto nosso leitor, distante dos grandes centros, sofre em tentar a cada mês decifrar em nossas avaliações qual seria a melhor opção de caixa para o seu sistema. Por isso que o número de consultorias a respeito de caixas é o maior que recebemos diariamente (diria que de cada dez consultorias, seis são sobre caixas acústicas).

E também sei o quanto é difícil ajudar sem que o leitor possa ouvir em seu sistema os produtos por nós testados mensalmente. Se serve de ‘consolo’, o que posso afirmar é que o mercado jamais esteve tão bem servido de ótimas opções.

Claro que isso não resolve o dilema, pois sou o primeiro a dizer em nossos Cursos de Percepção Auditiva, que a caixa é – junto com um pré de linha – a peça mais delicada de se escolher. E a caixa é ainda mais, pois será a responsável pela assinatura final do sistema.
Fora o elemento chamado de ‘gosto pessoal’ – que cada um de nós tem como definição para a escolha de uma caixa. O que procuro então fazer, para aliviar um pouco tantas dúvidas, é descrever o mais objetivamente possível o comportamento de cada caixa com os eletrônicos que temos em mão para a avaliação.

Então, vamos lá: a Monitor Audio Gold 300 é uma caixa que precisará de pelo menos uma sala acima de 20 metros quadrados para dar o seu melhor. Em espaços menores, fatalmente ela será prejudicada justamente naquilo que é um dos seus maiores trunfos: a excelente imagem holográfica 3D. A amplificação precisará, além de ser muito correta no quesito equilíbrio tonal, ter pelo menos 80 Watts de potência, pois as Gold 300, apesar de sua sensibilidade, gostam de trabalhar com folga de Watts. Pois para extrair o melhor dos seus graves, será preciso autoridade.

É uma caixa que não tem dificuldade em nenhum gênero musical e, para extrair seu melhor, precisa apenas de espaço, uma eletrônica e cabos corretos.

Tomando essas precauções, pode perfeitamente ser a caixa definitiva para os que querem um sonofletor Estado da Arte com excelente acabamento e alta performance.


PONTOS POSITIVOS

Uma caixa com excelente construção e ótima performance.

PONTOS NEGATIVOS

Será muito exigente com o tamanho da sala para poder se extrair o seu potencial das caixas..


ESPECIALIZAÇÕES

Formato3 vias
Resposta de frequência30 Hz – 50 kHz
Sensibilidade90 dB
Impedância nominal4 Ohms
Impedância mínima3.5 Ohms @ 1 kHz
SPL máximo117 dBA (par)
Potência admissível (RMS)250 W
Amplificação recomendada100 – 250 W
Sistema de dutosDual HiVe II bass-reflex
Frequências de crossover650 Hz / 3 kHz
Drivers• 2x 8” (woofers RDT II de curso longo)
• 1x 21/2” (médio C-CAM)
• 1x (tweeter MPD)
Dimensões (L x A x P) (incluindo pés e spikes)327.8 x 1047 x 417.8 mm
Peso (cada)30.56 kg

CAIXAS ACÚSTICAS MONITOR AUDIO GOLD 300 SÉRIE 5

Equilíbrio Tonal 11,0
Soundstage 12,0
Textura 11,0
Transientes 12,0
Dinâmica 11,0
Corpo Harmônico 12,0
Organicidade 11,0
Musicalidade 12,0
Total 92,0

VOCAL: 10,0
ROCK . POP : 10,0
JAZZ . BLUES: 10,0
MÚSICA DE CÂMARA: 10,0
SINFÔNICA: 10,0

Link para o teste completo: