MediaGear

Blog

AMPLIFICADOR INTEGRADO HEGEL H190 – Edição 242

Há alguns meses tive a oportunidade de testar o amplificador integrado Hegel H90, que me deixou bastante impressionado com seu desempenho realmente acima da média, e também como a sonoridade dele se aproximou do H360, topo de linha da empresa. Enquanto embalava o H90, não parava de pensar como seria ouvir o H190, entender sua evolução em relação ao antecessor, o quanto ele se aproximou do H360 e principalmente como o seu DAC interno toca em relação à sua pontuação geral.

Mas ele não veio logo em seguida – vieram mais dois testes na sua frente: o integrado Roksan K3 e a caixa Dynaudio Emit M30. Só depois destas duas avaliações é que ele veio parar em minhas mãos para teste e pude então fazer minhas comparações.

O amplificador integrado H190 é o modelo intermediário da Hegel, substituto do H160, que fez grande sucesso principalmente pela potência que entregava e seu pacote digital bastante atraente. Nesta nova versão, a potência continua a mesma, mas o DAC eu desconfio que seja o mesmo DAC interno do H300. Além disto, ele parece estar mais refinado, mais autoritário, pois seu fator de amortecimento foi pra lá dos quatro mil, em teoria se aproximando do integrado topo de linha.

A minha sensação quanto ao seu antecessor era que ele parecia mais distante do amplificador integrado H360 do que eu gostaria. Isto deixava uma lacuna entre os dois integrados que eu não aceitava muito bem. Coisa de gente cri-cri…

Com base em tudo o que eu ouvi no H90, com o qual eu fiquei por mais de dois meses, a curiosidade em saber até onde a Hegel ousou levar o H190 era muito grande. Todos os sinais mostrados pelo seu irmão menor indicavam uma melhora substancial na qualidade sônica do aparelho, principalmente no equilíbrio tonal, timbre e palco.

Outra coisa que me deixava curioso era se a Hegel utilizou o DAC do H300, já que seu circuito utilizava a seção de amplificação do integrado, como no H300. O DAC é bom, é fácil de instalar por não mudar tanto assim na topologia de alimentação, então porque não usar, não é mesmo?

A identidade visual da marca não muda para nem um de seus aparelhos, tudo continua exatamente igual a qualquer integrado Hegel de sua geração. O painel frontal é confeccionado em alumínio, o controle remoto também é feito em alumínio, e nos passa aquela sensação de que vale o quanto pesa. Os dois grandes botões giratórios de seleção de entrada e de volume agora são separados por uma tela OLED, igual ao H90 e Röst. Bem melhor que o antigo mostrador de LED azul que indicava padrões difíceis de entender, como quando selecionávamos a entrada coaxial, por exemplo. Também no painel frontal, encontra-se a entrada para fones de ouvido, algo que tem se tornado um padrão nos integrados de hoje.

O H190 conta com a conectividade de rede via porta Ethernet com fio, AirPlay e DLNA, possibilitando ao integrado utilizar os serviços de streaming mais populares, como o Tidal nos formatos normal e MQA – que fornece o som da gravação máster original – o Spotify e outros.

Por falar em streaming, desde maio deste ano a Hegel disponibiliza uma atualização de software para o H190 que inclui a certificação Spotify Connect. Com esta atualização, o amplificador integrado toca nossas músicas diretamente do servidor Spotify, deixando smartphone, tablet ou computador apenas como controladores do aplicativo.

O DAC interno 24-bit/192kHz possui três entradas ópticas, uma entrada S/PDIF coaxial, uma porta USB do tipo B, e a porta Ethernet.

Na parte analógica, temos uma entrada balanceada XLR e duas entradas RCA. Uma saída de linha variável e uma fixa (ambas RCA). Ainda no painel traseiro, encontramos terminais de caixa de excelente qualidade, banhados a ouro, e a entrada de força IEC.

O gabinete, feito em aço, conta com três pés de apoio. No H160 tinha um a mais para lidar com as vibrações vindas da prateleira, o que nem sempre é uma boa coisa. Às vezes menos é mais.

Alojado internamente, à direita do gabinete, está a usina de força deste tanque de guerra, um transformador toroidal capaz alimentar 150 Watts por canal em 8 Ohms, ou 250 em 4 Ohms, segurando a peteca com tranqüilidade até 2 Ohms. A resposta de freqüência é de 5 Hz a 100 kHz, relação sinal/ruído maior que 100 dB, crosstalk menor que -100 dB, e distorção menor que 0.01% @ 25 W 8 Ohms 1 kHz. Distorção por intermodulação menor que 0,01% (19 kHz + 20 kHz). Some-se a tudo isto o fator de amortecimento para mais de 4.000, e terá um amplificador capaz de controlar uma enorme variedade de caixas acústicas, com autoridade e muita precisão, que é seu maior trunfo.

O Hegel H190 que veio era novo, então separei os sachês de Camomila e Erva Cidreira e iniciei o processo de amaciamento do aparelho, pois ele precisa de pelo menos 350 horas para entregar tudo o que tem. E até lá ele muda bastante, então é preciso paciência com ele.

Para o teste foram utilizados os seguintes equipamentos. Fontes digitais: CD-Player e transporte Luxman D-06, DAC Hegel HD30, notebook Samsung (com JRiver via Bubble UPnP), iPhone 4S e Samsung Galaxy J5 Pro (com JRemote e Spotify). Cabos de força: Transparent XL MM. Cabos de Interligação: Sax Soul Cables Zafira III XLR e Sunrise Lab Reference Magic Scope RCA e XLR. Cabos de caixa: Transparent Reference XL e Sunrise Lab Quintessence Magic Scope. Caixas Acústicas: Pioneer SP-FS52 by Andrew Jones, Dynaudio Focus 260, e Dynaudio Excite X14. Fones de ouvido: Klipsch M40 e Sennheiser HD 600.
Começamos o teste ouvindo o Hegel H190 com as caixas Pioneer SP-FS52. A sinergia foi imediata, logo nos primeiros minutos da canção Falling in Circles do disco Black Light Syndrome do trio Bozzio Levin Stevens, mostrou um casamento perfeito entre os médios do amplificador e os médios da caixa. Outra coisa que chamava atenção era o controle que o H190 exercia sobre a pequena torre, mostrando transientes que me surpreenderam positivamente, mesmo estando com esta caixa há bastante tempo e sabendo do que ela é capaz, esta autoridade favorecida pela potência extra e pelo alto fator de amortecimento do amplificador revelou uma Pioneer bastante disposta, ágil e com uma dinâmica impressionante!

O controle dos graves é ótimo. Todas as freqüências desta faixa do espectro são expostas com bastante profundidade, extensão e realismo, com modulações recheadas de harmônicos que me fizeram re-apaixonar pela Pioneer.

Se os graves são muito bons, os médios são fabulosos. Aqui é paixão à primeira ouvida. O H190 nos coloca diante de vozes com texturas muito próximas das ouvidas com o H360. A forma como ele nos apresenta as vozes é de uma delicadeza e precisão maravilhosas, que chegam aos nossos ouvidos com um conforto auditivo surpreendente!

Passei então para as Dynaudio Emit M30, uma torre ligeiramente maior e mais profunda que a Pioneer FS52. Todo o acontecimento musical experimentado com a Pioneer foi maximizado, e os agudos, que são o calcanhar de Aquiles da Pioneer, com a M30 soam “líquidos” e com decaimentos muito bons. Os timbres dos instrumentos nos agudos são ótimos, cheios de texturas, principalmente em pratos de bateria e trompetes. A M30 não nega fogo, ela se joga de cabeça e se submete aos caprichos do H190 sem nunca reclamar. O Hegel H190 impõe aos alto-falantes dela um ritmo justo de excursão, não dando a eles um minuto de folga de seu controle ferrenho.

O palco do H190 é bem profundo, o foco e recorte são excelentes, do tipo que identificamos pequenas variações de posição das baquetas atingindo diferentes pontos dos pratos da bateria. Mas o palco não tão largo quanto eu gostaria. Se fosse um pouco mais largo seria fantástico! Os agudos também não acompanharam a sofisticação dos médios. Isto se deve aos médios serem tão encantadores que fica difícil para os agudos competirem com eles.

Animado com o que ouvia do H190 juntamente com seu DAC interno, resolvi utilizar todo o arsenal a disposição na tentativa de buscar seus limites, colocando-o com a Focus 260 e o DAC HD30, utilizando o Luxman como transporte.

Aí a coisa ficou séria mesmo. O H190 cresceu por demais, mostrando belas texturas e um equilíbrio incrível entre dinâmica e sofisticação nos transientes, capaz de impressionar donos de integrados de patamar superior. Tudo soava mais alinhado com o refinamento do aparelho, o que nos possibilitou começar a entender sobre a pontuação que ele teria.

A largura do palco sonoro e a profundidade aumentaram consideravelmente com a adição da Focus 260 e do DAC HD30. Os agudos também melhoraram bastante, se aproximando da minha referência, o V8 MkIV. Daí por diante foi um festival de surpresas para todos os lados. Os médios são realmente imbatíveis. A forma como o H190 lida com vozes e instrumentos como violino, clarineta e violão, são realmente mágicos. Tão mágicos que decidi colocar o disco do Renato Braz, chamado Outro Quilombo, faixas um e cinco para tocar. Nestas faixas, a voz de Renato Braz se projeta um pouco à frente e, para acabar com a graça de qualquer sistema, tem um berimbau, um dos instrumentos mais encardidos de reproduzir que já ouvi. O H190 não tentou domar a voz ou abafou o berimbau tentando controlar seu timbre metálico. Ao contrário disto, ele mostrou a voz como ela está lá: clara, limpa e serena, levemente iluminada como foi posta no disco. O mesmo aconteceu com o berimbau: tudo acontecia com uma folga tão grande que se confundia com aquela velha sensação melosa de conforto auditivo irreal. Mas aí, você ouve novamente e percebe que a transparência e o timbre estão lá, corretos e perfeitamente preservados, com decaimentos maravilhosos! Tão bons que me fizeram trair o V8 e preferir os médios do H190.

Chega a hora de colocar aqueles discos que chamamos de “matadores de sistema”. Discos como Rachelle Ferrell – Live In Montreaux 91-97 (faixa 10), Joe Zawinul – Brown Street (faixa 1 do disco 2), e Nelson Freire – Chopin Piano Concerto Nº. 2. Discos que fazem qualquer sistema suar de tão difíceis de reproduzir que são. O H190, com sua velocidade e precisão rítmica, nos fazem realmente bater o pé acompanhando a música como um metrônomo humano. É realmente emocionante ouvir grandes grupos tocando ao vivo neste integrado. O deslocamento de ar é impressionante, a folga que ele possui nos permite ouvir grandes massas sonoras produzidas por orquestras e bandas com diferentes naipes de instrumentos, com um conforto auditivo surpreendente. A única coisa que nos faz voltar à realidade da sala de audição é a largura de palco que deixa os músicos mais próximos uns dos outros do que deveria. É bem verdade que a precisão do foco e do recorte compensam esta sensação de proximidade dos músicos. Ainda assim, ela está nos mostrando que a vida não pode ser perfeita.

Ouvindo o integrado Hegel H190 pelos serviços de streaming, nota-se imediatamente a queda na qualidade da gravação. Mesmo com os álbuns em MQA ainda perde bastante para um bom transporte e mídia física. Passadas algumas músicas, a diversão retoma, e passamos a curtir cada momento da audição, pois a musicalidade e o equilíbrio tonal do H190 não nos deixam com aquela impressão de música fria.

Com fone de ouvido, nota-se que a mesma qualidade que se ouve com caixas acústicas, se ouve pelo fone de ouvido. A diferença é que pelo fone, o H190 não parecia impor o mesmo controle percebido com as caixas. Ainda assim, com o M40, fácil de empurrar, o H190 domou os graves soltos do fone mostrando uma dinâmica muito boa, parecia que o fone havia acordado. De toda forma, não estava a altura do refinamento do Hegel e o Sennheiser HD 600 entrou em ação. Tudo se encaixou e eu senti que o casamento estava completo! A apresentação musical foi repleta de texturas e transientes de fazer qualquer amante por fones de ouvido babar!

CONCLUSÃO

O amplificador integrado Hegel H190 é um aparelho moderno, versátil, e feito para quem busca uma experiência musical o mais próximo do real possível.

Moderno por estender a longevidade de seu DAC interno, pois este tem uma pontuação que só se obtém com DAC externo de alto nível.

Versátil por oferecer várias entradas analógicas e digitais e, fiel à filosofia Hegel de expressar a música como ela é. Cheia de imperfeições, caos e frios na espinha.

Se você busca sentir tudo isto, ouça um Hegel. Após a audição ele certamente fará parte da tua lista de possíveis candidatos.

PONTOS POSITIVOS
Força e controle surpreendentes. Fácil conexão com a rede e os serviços de streaming. Possui um DAC de alto nível que, à médio prazo, será difícil de outros integrados nesta faixa de preço bater. Tela OLED de fácil leitura, mesmo a quatro ou cinco metros de distância.

PONTOS NEGATIVOS
Não há pontos fracos.

ESPECIFICAÇÕES

Potência de saída– 2x 150 W em 8 Ohms
– 2x 250 W em 4 Ohms
Carga mínima2 Ohms
Entradas analógicas– 1x balanceada (XLR)
– 2x RCA
Entradas digitais– 1x coaxial S/PDIF
– 3x optical S/PDIF
– 1x USB
– 1x Network
Saídas de linha– 1x RCA fixa
– 1x RCA variável
Resposta de frequência5 Hz a 100 kHz
Relação sinal / ruído100 dB
Crosstalk<-100 dB
Distorção<0.01% @ 25 W 8 Ohms 1 kHz
Intermodulação<0.01% (19 kHz + 20 kHz)
AcabamentosPreto ou Branco
Fator de amortecimento>4000
Dimensões43 x 12 x 41 cm
Peso19 kg embalado

AMPLIFICADOR INTEGRADO HEGEL H190 (PELO DAC INTERNO)

Equilíbrio Tonal 11,0
Soundstage 10,5
Textura 11,0
Transientes 10,0
Dinâmica 10,5
Corpo Harmônico 12,0
Organicidade 10,5
Musicalidade 11,5
Total 87,0

VOCAL: 9,5
ROCK . POP : 9,0
JAZZ . BLUES: 9,0
MÚSICA DE CÂMARA: 9,0
SINFÔNICA: 9,0

AMPLIFICADOR INTEGRADO HEGEL H190 (PELO DAC EXTERNO)

Equilíbrio Tonal 11,5
Soundstage 11,0
Textura 12,0
Transientes 11,0
Dinâmica 11,0
Corpo Harmônico 11,5
Organicidade 10,5
Musicalidade 12,0
Total 90,5

VOCAL: 10,0
ROCK . POP : 10,0
JAZZ . BLUES: 10,0
MÚSICA DE CÂMARA: 10,0
SINFÔNICA: 10,0

Link para o teste completo: