MediaGear

Blog

REVEL PERFORMA F228BE – Edição 262

Quando a AV Group ligou me perguntando se gostaria de testar a nova linha Performa Be, não pensei um segundo! Afinal, ainda tenho boas lembranças da Performa 3 F208, que nos impressionou bastante pelo seu porte, acabamento e performance.

Ainda que o gabinete da F228Be seja bastante semelhante ao da F208, essas semelhanças acabam aí, pois a nova Performa é uma outra caixa, com qualidades e virtudes que a colocam muito mais perto da linha Studio do que da antiga linha Performa. Tanto que a nova coluna custa o dobro da antiga F208.

A F228Be possui o novo tweeter de cúpula de berílio de 25 mm, com lente acústica para uma melhor dispersão dos agudos lateralmente, um falante de médio de 130mm com armação fundida e cone de alumínio DCC, com revestimento de cerâmica. E dois woofers de 8 polegadas (200 mm), também de cone de alumínio DCC com revestimento de cerâmica.

O corte dos falantes, segundo o fabricante, ocorre em 260 Hz e 2.1 kHz. Sua resposta de frequência é de 27 Hz a 44 Khz (-6 dB), sua impedância nominal é de 8 ohms, sensibilidade 90 dB/ 2,83V/m, e o fabricante indica o uso de amplificadores de 50 a 350 Watts. Cada caixa pesa 37 Kg e suas dimensões são: 1.18 m de altura, 30.2 cm de largura e 33.5 cm de profundidade. A Revel oferece os seguintes acabamentos: Branco, Preto (ambos em alto brilho), Nogueira e Prata Metálica. A AV Group nos disponibilizou o modelo com o acabamento Prata Metálica.

Segundo o gerente de tecnologia acústica do grupo Harman Luxury Audio, Kevin Voecks, é um erro imaginar (como já escrevi algumas linhas acima) que a nova Performa seja um upgrade da antiga 208. Pois ainda que se utilize do mesmo gabinete, todos os componentes (literalmente) são novos. O Berílio para o novo tweeter foi escolhido por sua alta rigidez e baixa massa, quando comparado com qualquer outro metal utilizado nos tweeters de ponta. O guia de ondas também foi aprimorado com novo ângulo e material de superfície para maximizar a dispersão e resposta fora do eixo de escuta. O novo guia de ondas tem, ainda, outra função importante ao casar perfeitamente a passagem dos médios-altos para o tweeter. Tanto os woofers, quanto o falante de médio possuem diafragmas de alumínio, revestidos na frente e atrás com uma camada de cerâmica grossa. A Revel batizou esse novo sanduíche de Deep Ceramic Composite (DCC). Segundo o fabricante, esses novos falantes possuem uma resposta muito mais plana, menor distorção e suportam maior potência sem entrar em stress mecânico.

O design do crossover também foi totalmente reformulado, tornando-se muito mais minimalista. Os gabinetes, internamente, também sofreram reforços para se tornar ainda mais inertes. A Revel aceita bi cablagem ou bi amplificação e os jumpers que acompanham a caixa achei de melhor nível que a maioria dos jumpers disponibilizados por outros fabricantes concorrentes. O espaço entre os terminais é excelente, possibilitando uma instalação sem você dar um nó nas costas, ou suar frio.

Para o teste utilizamos os seguintes equipamentos: sistema Nagra completo (Preamp Classic, AMP Classic e TUBE DAC – leia Teste 1 nesta edição). Power CH Precision A1.5, e os integrados Sunrise Lab V8 SS e Pass Labs INT-25. Cabos de Caixa: Quintessence Sunrise
Lab e Feel Different FD III. Fonte analógica: toca-discos Acoustic Signature Storm, cápsula Soundsmith Hyperion 2, braço SME Series V, cabos Sunrise Lab Quintessence (de braço, e entre o Boulder e o pré de linha da Nagra), e pré de phono Boulder 500.

A caixa veio direto do showroom da AV Group, com 50 horas de queima. O fabricante fala em aproximadamente 180 horas (porém nossas experiências com tweeter de berílio dizem que o ideal é pelo menos 250 horas). Então fizemos todas as anotações assim que a caixa chegou, e depois a colocamos direto por 150 horas de queima. Diria que a segunda audição, com 200 horas, foi da ‘água para o vinho’! Pareceu-nos, literalmente, outra caixa.

Ela simplesmente floresceu, seria o termo exato para definir o impacto que nos causou. É uma caixa que apesar do seu imponente porte, não se mostrou crítica com o posicionamento e tem um grau de compatibilidade impressionante com a sala (ao contrário da F208).

Como não sabíamos se ela voltaria ou não para mais um período de amaciamento, não quis tirar as Sashas do seu ponto ideal de escuta. Então coloquei as Revel com muito menos abertura de tweeter à tweeter. E, ainda assim, seu respiro e largura e profundidade do palco, foram excelentes.

Neste primeiro arranjo, elas precisaram de um leve toe-in para o ponto de audição, mas nada excessivo, apenas um deslocamento de 15 graus para o centro. A imagem é holográfica, e o corpo dos instrumentos de caixas muito maiores e mais caras.

Seu equilíbrio tonal, com 200 horas, já se apresentou com uma bela luminosidade em todo o espectro audível, sem ser excessivo ou cansativo. Achamos por bem deixar mais 100 horas de queima e ver se a partir deste ponto ela se estabilizaria totalmente.

As mudanças foram muito pontuais. Os graves encorparam na primeira oitava e se soltaram, ganhando um andamento e precisão de ritmo empolgante. A região média não alterou nada das 200 para as 300 horas, já o extremo agudo se beneficiou, e muito! O ar e o decaimento que, com 200 horas, eram ‘tímidos’, abriram e com isso a percepção das ambiências melhorou substancialmente. Grandes orquestras ganharam aquele respiro essencial em volta dos naipes e os rebatimentos das paredes das salas de gravação se tornaram muito mais fidedignos.

A Revel soa como caixa de grande porte, sem perder o controle. O que é algo admirável para o tamanho de seu gabinete. Uma pessoa de olhos fechados dirá que suas dimensões são de uma caixa muito maior!

Os amantes de música clássica já podem sonhar em ter uma apresentação digna em suas salas de tamanho médio (20 a 30 metros quadrados). Pois a Revel F228Be possui um som grandioso e controlado, sem ser um armário! O que elas necessitam é ter o mínimo de espaço aberto à sua volta. Pelo menos 1m da parede às suas costas, e trabalharem a uma distância mínima de 2,80m entre elas. As paredes laterais não serão nenhum problema (qualquer coisa acima de 0,50 cm) com um toe-in levemente de 15 a 25 graus para o ponto de audição, e elas já mostrarão todos os seus pergaminhos! E olhe que são muitos.

Seu equilíbrio tonal é excelente, e ousa dar uma assinatura luminosa a tudo que ouvimos, sem nunca passar do ponto.

Um dos instrumentos mais difíceis de acompanhar é o cravo. Mesmo em gravações solo deste instrumento, ouvir com precisão a mão esquerda nota por nota, exige um certo grau de concentração. Esse instrumento na Revel ganha luz, sem aumentar o brilho ou alterar o equilíbrio entre as mãos direita e esquerda. Tornando a inteligibilidade e o grau de concentração muito menos dramático ou cansativo.

Talvez o grande mérito esteja no conjunto médio-agudo. Um dos melhores que escutei em caixas desta faixa de preço. Você não sente a passagem de um falante para o outro, e a sensação é que estamos a escutar um falante full range, tamanho refinamento e naturalidade da passagem. Um ótimo exemplo para perceber o que estou descrevendo é ouvir corais, sejam pequenos ou grandes corais. A sensação que temos dessas gravações reproduzidas pela Revel é que estamos literalmente assistindo ao concerto. Pois não só o equilíbrio é de alto nível, como o foco, recorte, planos e ambiência. Ouvi de tudo: corais russos, gregorianos, pequenos grupos com 5 e 6 vozes, e obras operísticas com solistas e grande coral. E a Revel se comportou magistralmente.

Quando uso este adjetivo, me refiro a capacidade de recriar aquele momento da gravação, como passar a mensagem musical de forma explícita, tão explícita que seu cérebro esquece ser reprodução eletrônica em um segundo! Se você já teve a oportunidade de ouvir um setup com este grau de realismo, entenderá perfeitamente o uso do adjetivo magistral!

Os graves são excelentes, e realmente descem com autoridade. Ouvi alguns órgãos de tubo, que impressionaram pelo corpo, deslocamento de ar, decaimento e conforto auditivo.

Gosto de ouvir um disco que trouxe pela gravadora Movieplay – e uso em nossa Metodologia para avaliação de textura, equilíbrio tonal e transientes – do Ron Carter, chamado Nonet. Foi gravado no Japão, pela JVC. É um disco denso, pois Ron Carter fez todos os arranjos para 4 cellos, ele solando, um contrabaixo de acompanhamento, mais piano, bateria e percussão. É um disco que coloca muitas caixas em situação delicada, principalmente nos graves, quando soam simultaneamente os cellos e os dois contrabaixos. Muitos woofers não sabem como conseguir apresentar todos ao mesmo tempo, com total inteligibilidade, corpo, transientes etc. Já vi tanta caixa e sistema desandar, que corre o mundo audiófilo que este disco é muito mal gravado. Quando essa história chegou ao meu conhecimento, fiz questão de colocar a faixa 7 entre minhas faixas obrigatórias nos nossos cursos e nos testes, quando eram abertos aos leitores.

Resumindo, teve turma que após ouvir integralmente a faixa, bate palma, literalmente, como se fosse um show do Ron Carter e não um Curso de Percepção Auditiva. Este é um daqueles discos que sempre cito, que não faz refém! Ou o sistema passa, ou se arrebenta todo!

E, claro, caixas que já estão em um nível alto Estado da Arte sempre é um disco que utilizo (principalmente para ouvir os graves). A Revel passou com todos os méritos nas faixas: 2,5 e 7!

Gostei muito também da resposta de transientes, percussões soam divinas, assim como pianos solos. Você não tem que sair correndo ou repetir a faixa duas a três vezes para entender o que o músico fez na mudança de andamento (o saxofonista James Carter é o rei dessas mudanças), assim como acompanhar literalmente batendo os pés nos seus discos de rock, pop e blues.

A microdinâmica é exemplar, e a macrodinâmica surpreende pela ousadia.

Não consegui ouvir os tiros de canhão da abertura 1812 de Tchaikovsky nos 100dB que escuto em nossas caixas de referência. Mas 97 dB, sim! Senhores, antes que saiam então detonando a caixa, se lembrem que este é um exemplo extremo de macrodinâmica. E ninguém vai ouvir uma dezena de discos que tenham algo semelhante. O problema dessa gravação é que são 12 tiros de canhão simultâneos (o que é insano para 90% dos falantes, independente do preço), a caixa não tem nem tempo de se recompor! Tanto que a gravação vem com uma baita advertência de que os falantes podem ser danificados!

Baixei 3dB e a Revel passou com méritos nos 12 tiros! Ela é uma caixa para reproduzir música clássica e ‘rompantes’ dinâmicos com autoridade, acreditem!

O corpo harmônico é exemplar. Digno de caixas custando duas vezes o seu preço! Nada de instrumentos do tamanho de pizza brotinho, pelo contrário. Você ficará surpreso com instrumentos de metais e pianos a se materializar na sua frente com tamanho muito próximo ao real.

Com todas essas virtudes, é ‘pera doce’ para a Performa F288Be em gravações de alto nível técnico colocar os músicos à sua frente, para uma apresentação exclusiva. O que só enobrece todo o investimento em uma caixa deste nível. Pois temos a confirmação de que cada centavo foi muito bem investido.

CONCLUSÃO

Se você busca uma caixa definitiva para o seu sistema Estado da Arte, e sempre esbarra na questão tamanho/espaço, tem um gosto musical que exige uma caixa que reproduza grandes massas orquestrais com autoridade e beleza, e sempre esbarra que essas caixas com todos esses atributos custam mais de 25 mil dólares, eis uma caixa que pode perfeitamente ser a solução para realizar este seu sonho. Uma caixa que custa menos de 20 mil dólares, e toca como uma caixa que custa 30 mil!

É bastante compatível com espaços médios, não será um problema para posicionar e nem tão pouco é muito invasiva a ponto de sua cara metade impedir a realização deste sonho.

Sua sensibilidade é excelente e seu grau de compatibilidade idem. Fuja apenas de eletrônicas muito transparentes e analíticas, pois pode passar do ponto.

Fora isso, é uma caixa que certamente casará muito bem com uma infinidade de amplificadores, cabos e fontes.

Extremamente bem construída e acabada e uma assinatura sônica de enorme vivacidade!
Se é isto que tanto procura, ouça-a!


PONTOS POSITIVOS

Uma caixa Estado da Arte muito equilibrada e de enorme compatibilidade com sistemas e salas.

PONTOS NEGATIVOS

É preciso respeitar o mínimo de espaço à sua volta para se extrair todo seu potencial.


ESPECIFICAÇÕES
Tweeter1” domo de berílio com guia de ondas
Médio5.25” cone DCC (Deep Ceramic Composite) de alumínio
Woofer2x 8” cone DCC (Deep Ceramic Composite) de alumínio
Resposta de frequência (-6 dB)27Hz – 44kHz
Amplificação recomendada50 – 350 Watts
Frequências de corte do crossover260Hz / 2.1kHz
Impedância nominal8 Ohms
Sensibilidade90dB (2.83V @1M)
AcabamentosPreto, Branco, Nogueira e Prata Metálico
Dimensões (L x A x P)34.2 x 118.2 x 37.5 cm
Peso37.2 kg

REVEL PERFORMA F228BE

Equilíbrio Tonal 12,0
Soundstage 12,0
Textura 12,0
Transientes 12,0
Dinâmica 11,5
Corpo Harmônico 12,0
Organicidade 12,0
Musicalidade 12,5
Total 96,0

VOCAL: 10,0
ROCK . POP : 10,0
JAZZ . BLUES: 10,0
MÚSICA DE CÂMARA: 10,0
SINFÔNICA: 10,0

Link para o teste completo: