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CAIXAS ACÚSTICAS Q ACOUSTICS 3050I – Edição 245

Na edição 244 da revista avaliamos a bookshelf Q Acoustics 3020i, uma caixa que surpreende pela sonoridade equilibrada e bastante musical. Nesta edição falaremos do modelo maior, a Q 3050i, uma caixa torre de médio porte que também herdou muito dos avanços tecnológicos e de marcenaria da aclamada Concept 500. Um projeto inovador que ganhou muitos prêmios da mídia especializada, dentre eles o EISA 2017-2018 na categoria Melhor Produto.

Não é a toa que a Q 3050i acaba de ganhar o mesmo prêmio EISA 2018-2019 também na categoria de Melhor Produto. Receber este prêmio por dois anos seguidos e com produtos de níveis diferentes, diz muito sobre a filosofia da Q Acoustics, pois o modo como ela distribui seus avanços, pelas linhas menores é bastante interessante. Ela não costuma fazer projetos mirabolantes, totalmente diferentes um do outro, muito pelo contrário, ela costuma utilizar tudo que deu certo na linha topo nas linhas menores. Ou seja, ela não parte de um projeto desconhecido que exigiria esforços novos para contornar novos problemas. A Q Acoustics meio que leva a sério o ditado que diz que “não se mexe em time que está ganhando”. Trocando em miúdos, raramente você verá uma caixa acústica da Q Acoustics que não deu certo, ou que erraram a mão e exageraram em algum ponto. A qualidade de construção do gabinete, construção dos woofers, tweeters é muito parecida entre as linhas, e em algumas são iguais, até, pois as caixas da Q Acoustics sofrem mais evoluções que revoluções. Por apostar em evoluções, ao invés de tentar surpreender o público com tentativas de reinventar o alto-falante, que esta empresa jovem fundada em 2006 arranca tantos elogios mundo a fora. Sempre com passos seguros e certeiros, que se traduzem em uma assinatura sônica equilibrada e envolvente, da caixa de entrada até a caixa topo de linha.

A Q 3050i é uma caixa de 2 vias bass-reflex com resposta de freqüência de 44 Hz a 30 kHz (+3 dB, -6 dB), impedância média de 6 Ohms, impedância mínima de 4 Ohms, sensibilidade de 91dB (2,83 V @ 1 m), com peso de 17,8 kg cada.

Com esta nova atualização, a Q 3050i sofreu melhorias significativas no desempenho sonoro, os dois woofers de 6,5 polegadas receberam o novo revestimento de borracha de baixa distorção que confere ao cone maior rigidez e uma resposta de freqüência mais equilibrada em toda a faixa de atuação. O tweeter de domo macio de 20 mm fica desacoplado do gabinete por um sistema de suspensão de silicone, “abraçado” pelos falantes em um esquema D’Appolito (MTM midwoofer-tweeter-midwoofer), garantindo uma interação suave e equilibrada entre o tweeter e o woofer, diminuindo aquela sensação de “buraco” entre as freqüências.

O gabinete da Q 3050i herdou da Concept 500 o sistema de travamento ponto a ponto (P2PTM) do gabinete reduzindo as vibrações em seu interior, juntamente com a tecnologia HPE que ajuda a eliminar ressonâncias de dentro dos compartimentos ao equalizar a pressão de ar dentro do gabinete, agindo como um ressonador de Helmholtz sintonizado.

A Q Acoustics disponibiliza quatro opções de acabamento: Cinza Grafite, Nogueira Inglesa, Preto Carbono ou Branco Ártico. Sempre com o belo adorno cromado em volta dos alto-falantes e dos
tweeters, quebrando um pouco aquele jeitão sisudo do gabinete, adicionando um toque de beleza e requinte ao belo design.

O terminal de caixa é que me parece ser o único pênalti desta linha. É o mesmo terminal da bookshelf e, por isto, os futuros donos desta linha precisam ficar atentos no momento em que colocam
cabos de caixa com terminação spade, inclusive no acerto do posicionamento da caixa. Aconselho a mexer no posicionamento sempre com o amplificador desligado, pois dependendo do movimento que se faz com a caixa, o cabo pode vir a se soltar.

A caixa apoia-se sobre em quatro spikes cromados, os spikes traseiros são parafusados em um belo apoio feito em alumínio fundido que ultrapassa as dimensões da caixa, trazendo estabilidade e beleza à torre. A Q Acoustics teve uma ideia boa e uma decisão ruim, a meu ver. Para quem tem piso de madeira ou sensível a arranhões, acompanha os spikes um jogo de borrachas que encaixa no spike protegendo o piso, por outro lado, quem quer se beneficiar da melhora utilizando os spikes, terá de providenciar pucks (bolachinhas ) para calçar os pontudos spikes. Vale muito à pena deixá-las apoiadas nos spikes, o ganho é enorme!

COMO TOCA

Para o teste utilizamos os seguintes equipamentos: amplificador integrado Sunrise Lab V8 MkIV, amplificador integrado Anthem STR. Fontes: CD-Player Luxman D-06, DAC Hegel HD30. Cabos de força: Transparent PowerLink MM2. Cabos de interconexão: Sunrise Lab Reference Magic Scope RCA, Sax Soul Cables Zafira XLR. Cabos de caixa: Transparent Reference XL MM2, Sunrise Lab The Illusion e Sunrise Lab Quintessence Magic Scope.

A Q 3050i precisou de 360 horas para amaciar por completo. Ela é um pouco diferente das outras caixas que testei, não sai tocando de cara, ela faz mais o tipo difícil mesmo.

Os extremos demoram a se soltar, coisa de mais de 180 horas para parecerem minimamente corretos. Já a região média é uma delícia, possuindo uma boa transparência sem atropelar os planos. Por falar em planos – ou camadas como alguns preferem – as Q 3050i já nas primeiras horas tocando, mostravam uma tridimensionalidade muito boa. Aquela sensação do som saindo diretamente dos falantes simplesmente não existe nesta caixa acústica. Tudo brotava por detrás dela, com ótima largura de palco e uma boa dose de calor.

Após o amaciamento tudo foi para o seu devido lugar, e então começamos os testes para valer!

De cara o que mais impressiona nesta caixa sem dúvida alguma, é o quanto elas “desaparecem” na sala de audição. De todos os discos que ouvimos pouquíssimos davam para perceber que algo saía mesmo dos falantes. Somente aqueles discos que de fato o engenheiro de gravação colocou o instrumento lá, no meio do cone, que não tinham jeito, porque se não está assim na gravação, não dá para saber se as caixas estão ligadas ao amplificador.

Com elas não é o palco que é 3D, são os instrumentos que são 3D em um palco totalmente tridimensional! É uma qualidade que ouvi em poucas caixas, e todas elas, sem sombra de dúvida eram pelo menos duas vezes e meia mais caras que ela.

Aqui cabe uma dica: como o tweeter se encontra entre os dois alto-falantes, é imprescindível que o assento de honra, onde se fará as audições, não seja muito alto de maneira que o tweeter fique mais alto que os ouvidos. Isto acabaria com a qualidade do palco sonoro, o grave fica estranho e prejudica a inteligibilidade.

A Q 3050i nos mostra o corpo dos instrumentos de uma maneira maravilhosa: violões, contrabaixo acústico, instrumentos de ataque como marimba e percussão, soam com um nível de materialização impressionante. Destaque para os diversos pratos de bateria, sinos e triângulos, os mais difíceis de conseguir extrair bom corpo, todos com excelente tamanho e extensão, com uma qualidade de timbre ótima!

Separei alguns discos de música clássica para ouvir, quis explorar melhor estas qualidades tão raras em caixa acústicas nesta faixa de preço. Separei estes discos: Caribbean Rhapsody de James Carter (faixas 1 e 3), Sinfonia nº 1 de Mahler (faixa 1) com a Budapest Festival Orchestra e condução de Ivan Fisher, Des Knaben Wunderhorn e Sinfonia nº 6 de Mahler com conduzida por Benjamin Zander, Sinfonias nos 5 e 7 de Beethoven com a Pittsburgh Symphony Orchestra sob regência de Manfred Honeck.

A Q Acoustics 3050i tocou todos os discos maravilhosamente bem, sem fadiga, sem embolar nas passagens de maior dinâmica e, sempre, com um palco bastante holográfico, com ótimo foco, recorte e um equilíbrio tonal de fazer inveja a muita caixa cara por aí, pois tocar gêneros musicais variados muitas caixas tocam, mas álbuns erudito são outros quinhentos, e ela toca!

Por falar em caixa, foi impossível não compaá-la com as outras que já estavam na sala. A Dynaudio Emit M30 não deu nem para a conversa: a Q Acoustics é melhor em tudo. Olhei para a Dynaudio Focus 260 e não resisti, coloquei as duas lado a lado e, para minha surpresa, a Q 3050i só não obteve uma vitória plena porque em um ponto a Focus é campeã incontestável: extensão de graves. A Focus desce um pouco mais e com timbre levemente melhor no ponto limite da extensão. Aquelas escorregadas de dedo para o grave no contrabaixo, principalmente no contrabaixo elétrico, a Focus te mostra um pouco mais de informação de timbre. Fora este quesito, em todo o restante ela perde para a Q 3050i, e perde feio.

A Q Acoustics tem um tempero maravilhoso, uma clareza de detalhes, uma riqueza tímbrica fantástica, com aquele calor na medida certa para não soar analítico, ao mesmo tempo em que todo o acontecimento musical permanece dos falantes das caixas para trás. Mesmo em gravações tecnicamente sofríveis, ela segura o ímpeto do amplificador e mantém tudo em seu devido lugar sem nada saltar em seu colo. O mesmo acontece quando ela faz par com amplificadores que não estão no nível dela segurando os “vacilos” do amplificador, suprindo uma possível falta no equilíbrio tonal do mesmo.

A Q 3050i não gosta de muito toe-in, e como ela possui um palco bastante largo, o melhor mesmo é deixá-las quase retas, com uma leve puxada para dentro, e assim aproveitar toda a tridimensionalidade que ela tem para nos mostrar. Na sala ela ficou a 1,8 metros da parede de fundo das caixas, e a 2,6 metros entre elas. No quesito palco, caro leitor, ela se sobressai como nenhuma outra que já testei. A precisão do foco e do recorte é de cair o queixo, o ar entre os instrumentos e a altura dos músicos fica muito evidente, não sendo necessário se esforçar para contar os planos no palco, deixando nosso cérebro livre para se concentrar inteiramente na interpretação artística da obra executada.

CONCLUSÃO

Se o amigo leitor procura uma caixa acústica correta tonalmente, com timbre matador e que tenha muitas garrafas para trocar na medida em que o amigo for subindo o nível do sistema, aconselho fortemente que ouça esta Q Acoustics 3050i, pois esta caixa está pronta para assumir este papel e dar muitas alegrias e muitos sustos, no bom sentido claro, porque ela não é uma caixa fácil de tocar e muito condescendente com sistemas abaixo dela. Por outro lado, o que ela cresce em detalhamento, folga e inteligibilidade com melhor cabeamento, amplificador e fontes de seu nível ou superior, com certeza dará ótimos sustos ao seu novo proprietário, fazendo valer cada centavo investido nela.

PONTOS POSITIVOS

Um equilíbrio tonal maravilhoso, de causar inveja a caixas já consagradas. Palco sonoro largo, alto e profundo. Acabamento primoroso.

PONTOS NEGATIVOS

Terminal de caixa é bom, mas é preciso tomar cuidado quanto ao aperto de cabos com terminação spade. É preciso tomar cuidado no momento de colocar a tela de proteção para não raspar no tweeter.

ESPECIFICAÇÕES

Tipo de gabinete2 vias bass-reflex
Drivers de graves2x 165 mm (6.5 polegadas)
Driver de agudos22 mm (0.9 polegadas)
Resposta de frequência (+3 dB, -6 dB)44 Hz a 30 kHz
Impedância média6 Ohms
Impedância mínima4 Ohms
Sensibilidade (2.83 Vrms@1 m)91 dB
Amplificação recomendada estéreo25 a 100 W
Amplificação recomendada com receiver A/V50 a 165 W
Freqüência de crossover2.5 Hz
Volume efetivo32.4 litros
Dimensões (L x A x P)310 x 1020 x 310 mm
Peso (por caixa)17.8kg

CAIXAS ACÚSTICAS Q ACOUSTICS 3050i

Equilíbrio Tonal 11,0
Soundstage 11,0
Textura 10,5
Transientes 10,0
Dinâmica 10,0
Corpo Harmônico 11,0
Organicidade 11,0
Musicalidade 10,0
Total 84,5

VOCAL: 10,0
ROCK . POP : 10,0
JAZZ . BLUES: 10,0
MÚSICA DE CÂMARA: 10,0
SINFÔNICA: 10,0

Link para o teste completo: